Tirar leite de vaca, assistir ao pôr do sol num horizonte limpo de prédios, admirar o céu iluminado de estrelas, tomar banho de mar, colher e comer uma fruta do pé. Algumas crianças nem sabem como são estas sensações. Todas estas atividades estão cada vez menos presentes no cotidiano de quem vive em cidade grande. Aproveitar o período de férias escolares pra apresentar aos filhos as delícias da natureza faz bem para você e é melhor ainda para os pequenos. “O contato com a natureza traz a oportunidade para que as crianças potencializem suas aptidões físicas, mentais e intelectuais”, diz a médica Maria Cristina Senna Duarte, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Ela explica que, quando a criança entra em contato com a natureza, a percepção de mundo é ampliada em três aspectos: espacial, pois o universo da natureza é bem maior do que a casa ou o apartamento; sensorial, porque há diversidade de ruídos, olfatos, texturas, cores e formatos; e físico, já que aumenta a gama de movimentos importantes para o desenvolvimento e crescimento das crianças.
A criatividade também é aguçada ao tirar os pimpolhos da frente da TV, computador e videogame. Coordenadora da unidade Vila Mariana (SP) da Bem Me Quer Sports, escola de esportes dirigida a crianças, a professora de educação física Rosana Gregório Ferraz conta que, em um dos acampamentos de férias organizado pela empresa, um menino achou um papelão e decidiu deslizar por um pequeno morro coberto de grama. Os colegas correram para imitá-lo e quem disse que alguém convencia as crianças a abandonar a brincadeira? “Tínhamos o dia inteiro minuciosamente planejado, mas não houve argumento que tirasse as crianças daquela atividade. Brincamos com elas até a exaustão. E foi uma delícia!”, lembra Rosana.
Vínculos familiares
Sair do cotidiano cheio de regras e compromissos não faz bem apenas aos adultos. Seus filhos também só têm a ganhar ao mudar de ares quando estão de folga da escola. “Como nós, eles descansam a mente para voltarem melhor para as atividades cotidianas. Além disso, têm a oportunidade de conhecer animais e plantas que só viam nos livros. É uma experiência muito rica que faz a criança se sentir parte do mundo”, considera a psicóloga infantil Cristiane Golim.
Se a experiência contar com a tutela dos pais, melhor ainda. “É comum hoje em dia pais e filhos não se conhecerem, pois cada um está envolvido em uma atividade. Portanto, estes são momentos onde tudo que se faz junto é bastante importante para todos”, diz Cristiane. Os vínculos familiares criados durante as descobertas infantis ficam pra sempre na forma de lembranças.
“Uma vida mais natural, mesmo que seja apenas nas férias, acrescenta valores diferentes, como preservar a natureza, cuidar dos bichos, andar descalço, tomar banho de chuva e colher uma fruta para se alimentar dela. São experiências inesquecíveis”, descreve Rosana. E não é só no acréscimo ao repertório de experiências que a criança ganha. Conviver com a natureza também aguça a curiosidade.
Dicas
A pediatra Maria Cristina aconselha: “Deixe espaço para que seu filho observe, tenha curiosidade, experimente e pergunte”. Explorar um ambiente desconhecido, sempre com supervisão, é claro, pode também fazer maravilhas à autoconfiança de uma criança. Perceba como ela volta mais confiante e independente depois de alguns dias subindo em árvores, nadando no rio e dando de comer aos animais.
Nos primeiros contatos das crianças com a natureza pode haver medo. Primeiro, procure refletir se não foi você mesma quem passou este receio a seus filhos. Muitas vezes, tentando proteger, os pais preferem que as crianças não sejam destemidas e injetam nelas preocupações infundadas. “Respeite o limite da criança. Converse bastante e vá fazendo com que ela entre em contato aos poucos com o objeto de seu medo”, sugere Cristiane.
Lembre-se também que não é preciso esperar as férias pra colocar seu filho em contato com a “mãe natureza”. Que tal levá-lo a parques e jardins nos finais de semana? É garantia de uma experiência mais proveitosa do que ir ao shopping center, por exemplo. Para que o pimpolho curta a atividade, leve brinquedos, crie jogos e, acima de tudo, demonstre seu interesse. “A criança aprende mais por imitação, por bons exemplos, do que por muitas palavras. Se os pais curtem e respeitam a natureza, naturalmente a criança terá interesse e fará inúmeras perguntas”, explica Maria Cristina.
Fonte: Site Ig.